quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Ler todos os dias.




Ler todos os dias.
Andreia Donadon Leal- Mestre em Literatura pela UFV


A média brasileira de leitura, segundo pesquisas, é de dois a três livros por ano. É vezo humano consolar-se facilmente ou tomar como base índice tão pífio. É mórbido, mas é cômodo e fácil consolar-se com a própria preguiça ou miséria, quando reconhecemos (erroneamente) que há pelo mundo afora, homens mais preguiçosos, mais incultos ou mais miseráveis do que nós, porque leem menos. Certo filósofo grego chegou a dizer isso, procurando consolar-se com seus próprios defeitos, com sua perversidade e com sua preguiça, quando reconhecia, que há no mundo, homens muito mais perversos ou mais preguiçosos do que ele.
A assertiva acima está longe de ser nobre e exemplar. O desejo de melhorar demonstra luta, esforço contínuo, trabalho, vontade de crescer, além de uma boa dose de energia moral. Seria enriquecedor se nos pautássemos sempre no inverso: que há homens, incrivelmente mais cultos do que nós, que há pessoas que leem mais, porque a leitura abre caminhos, veredas e nos tira da escuridão e do obscurantismo. Há homens e mulheres, incrivelmente mais informados, mais esforçados; menos miseráveis e menos embrutecidos intelectualmente do que nós.

Nivelar-se na média nacional é contentamento de muitos brasileiros, para não dizer comodidade e preguiça. Fico indignada e estarrecida, quando escuto jovens e/ou adultos falarem que leem um ou dois livros por ano e ainda frisam “com mais de 100 páginas”. Alguns porque o colégio exigiu, outros porque está fazendo frio ou chovendo ou não têm nada mais interessante para fazer.
Ler deveria ser vício, paixão avassaladora, prazer dos prazeres, pois é alimento eficiente e duradouro para a mente, para o enriquecimento intelectual e para a vida. Ler salva vidas do empobrecimento de palavras, de expressões, da miséria de ideias e opiniões e do embrutecimento intelectual. Ler não só salva vidas, mas também é um dos maiores prazeres da introspecção. Auxilia na análise e na reflexão; ajuda-nos a opinar e a defender nossos direitos com propriedade e embasamento.

Ler é um dos mais benéficos prazeres da solidão, pois na vida real jamais conheceremos tantas pessoas como através da leitura, mas também, porque amizades são frágeis, propensas a diminuir em número, a sucumbir em decorrência do tempo, das divergências, dos desafetos e correrias da vida.
A leitura deve fazer parte de nossas vidas na mesma proporção e importância que a alimentação e as necessidades fisiológicas. É necessário, também, exercitar o cérebro com leituras diárias, preferencialmente de autores que apreciamos e com os quais nos identificamos.
Comecem a ler, prezados leitores, para constatar que de fato o livro, a leitura e a literatura são amigos autênticos, eficientes, inseparáveis e enriquecedores; além de nos tirar do obscurantismo intelectual, são companhia constante. Os benefícios da leitura são ouro, pedra preciosa e luz contínua para o conhecimento e aprimoramento humano. Não importa o motivo e o gênero escolhido, o que vale é ler, ler com prazer, todos os dias.

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