segunda-feira, 25 de outubro de 2010

NOVO LIVRO: FLORA: amor e demência & Outros Contos


NOVO LIVRO DE CONTOS: FLORA: amor e demência & Outros Contos - de Andreia Donadon Leal
Foto da Capa: J.B.Donadon-Leal
Diagramação e Projeto Gráfico: Gabriel Bicalho
Editora Aldrava Letras e Artes
1ª edição . 182 páginas


Por Manoel Hygino dos Santos
Membro da Academia Mineira de Letras

Andreia Donadon Leal. Após a mais recente reforma ortográfica, perderia o sinal gráfico no é do prenome. A proprietária do nome nada perde, pois tem um itinerário bem cumprido desde as origens. Que é dos melhores, considerando o berço em Itabira, sequência na histórica Santa Bárbara e presença marcante na gloriosa Mariana.
Produz arte vária, das letras-poesia ou prosa – à pintura, em que também já se revelou exímia. Não lhe basta criar, gosta do bem feito e se aprimora incansavelmente. Aliás, sob esse aspecto, essa jovem se esmera. É inesgotável. Está em muitos lugares, em tempos exíguos, em muitas capitais – Mariana, Ouro Preto e Belo Horizonte, por exemplo.
Participa do mundo das artes, onde e quando sua presença é convocada. Agora, comparece com “Flora: amor e demência & Outros Contos”, que classifica de “Contos Aldravistas”.
Nesse volume se encontram contos de dimensão física vária, mas de conteúdo profundo. São escritos de teor denso, mesmo tenso. A princípio, não parece que se trata de textos de uma autora de Mariana, a conservadora, a conspícua, a perene. Andreia, ou Deia, sabe trabalhar as palavras, mas também o consciente e o inconsciente. Porque são fatos e realmente pessoas, não simplesmente personagens de livro de ficção.
A contista descreve situações de dor, de comiseração, de insatisfação com a vida e com os semelhantes. Flora é sofrida e sofredora, busca-se, busca superar-se, vencer os obstáculos que estão em seu íntimo e em derredor. Mas há também momentos de enlevo, de paixão...
Afinal, quem é Flora, que empresta nome a esse conto e ao volume de contos? Só lendo para saber. Flora é enigmática, se a si própria não desvendou, muito menos possivelmente conseguirão os leitores.
Há, porém, outros contos: Lembranças; O crepúsculo e o alvorecer; Espólio de um cárcere; O homem que havia desaparecido; Amanhã, hoje, ontem!; Desígnios; Eles; Guardião do mar; A hipocondríaca; O suicida; Alienígenas; Dom Juan; Coveiro; Conto Real; Vitrine dos sonhos; Quem matou a cadela?; Rosa; O atleta depois dos setenta anos; Zé das Placas; Flora e Marina; A bibliotecária; Seus perdidos, meus achados; Seus 25 anos; Dois Rabugentos da Rua Vinte e Três; O passageiro; 150 folhas de papel A-4.
Na última narrativa, o drama do escritor, diante das dezenas e dezenas de laudas, sem saber que destino lhe será dado. Atirar a produção dos últimos anos no lixo? Uma dúvida cruel para os que laboram com as letras e sempre aguardam julgamento. O último, o do leitor o mais demorado: ... “Quem fará o julgamento final: a mídia que influencia o leitor; o crítico que influencia a mídia, o leitor que influencia o escritor... O mais conciso: ser ou não ser lixo é questão de ponto de vista. Guardou as cento e cinquenta folhas de papel A4 no arquivo morto”.
O mesmo não se fará com esses contos de Andreia, algo sério que deve ser lido. E meditado. Os textos merecem. A autora sabe trabalhar o material.
O resultado é de boa qualidade. O leitor, cuidadoso, encontrará méritos e virtudes, como eu. A escritora tem abertas as portas do sucesso, embora elas já lhe foram disponibilizadas e utilizadas com louvor, tantas vezes. Com “Flora”, Andreia confirma a vocação para a carreira no campo das letras.

***
Li vários contos de seu livro e gostei muito. "Flora: amor e demência & Outros Contos" de Andreia Donadon Leal revela-nos uma contista talentosa, que sabe narrar uma história com emoção e com sensibilidade. Os leitores farão bem em acompanhar sua promissora trajetória.
Moacyr Scliar.

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