terça-feira, 29 de dezembro de 2009

LIVRO VENTRE DE MINAS - Poetas Aldravistas de Mariana

Capa do livro: VENTRE DE MINAS

Poetas aldravistas com o livro

Poetas Aldravistas: Donadon-Leal, Gabriel Bicalho e Andreia Donadon Leal


Livro Ventre de Minas




NOVO LIVRO DE POESIAS DOS POETAS DO JORNAL ALDRAVA CULTURAL:VENTRE DE MINAS - edição 2009-



Está pronto o novo livro de poesias, VENTRE DE MINAS, dos poetas do Jornal Aldrava Cultural: Gabriel Bicalho, J.B.Donadon-Leal, Andreia Donadon Leal e J.S.Ferreira. Há algum tempo foi concebida a ideia da produção desse livro, com suas quatro vozes poéticas, que passaram à fase da gestação nesse Ventre de Minas. Os diversos modos de os aldravistas forjarem aldravas são postos à disposição do público que, mais uma vez, irá receber um produto resultado de um projeto de incentivo à leitura. A edição se tornou possível depois que a Coordenadora e Idealizado de Projetos Culturais da Associação Aldrava Letras e Artes, Andreia Donadon Leal, venceu o Prêmio VivaLeitura 2009, com o Projeto Poesia Viva - a poesia bate à sua porta, e com o prêmio financiou a publicação. Assim nasce Ventre de Minas: uma proposta de poesia para ser debatida, degustada, desvendada, ao sabor da história de vida de cada leitor. São quatro livros em um. Cada livro um continente metonímico de uma possível particularidade de Minas. As aldravas de Gabriel Bicalho, as batidas nas aldravas de J. B. Donadon-Leal, os frutos da terra de Andreia Donadon Leal e a cidade Mãe de J. S. Ferreira são provocações para leitores disponíveis a descobertas. É por isso que esse livro será distribuído a educadores e a educandos, a pessoas que mesmo não frequentando a escola formal ainda se sentem descobridores de universos, descobridores de mundos, mineradores de minas gerais. (In: Donadon-Leal - 2009)


Diagramação: Gabriel Bicalho
Capa: Deia Leal

Ilustrações: Deia Leal

Autores: Gabriel Bicalho, J.B.Donadon-Leal, Andreia Donadon Leal, J.S.Ferreira.

N° de páginas: 124

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VENTRE DE MINAS
Prefácio


Há algum tempo foi concebida a ideia da produção deste livro, com suas quatro vozes poéticas, que passaram à fase da gestação neste Ventre de Minas. Os diversos modos de os aldravistas forjarem aldravas são postos à disposição do público que, mais uma vez, irá receber um produto resultante de um projeto de incentivo à leitura. Porém, esta edição se tornou possível depois que a coordenadora e idealizadora de projetos da Associação Aldrava Letras e Artes, Andreia Donadon Leal, venceu o Prêmio Vivaleitura 2009, com o projeto Poesia Viva – a poesia bate a sua porta, e com o prêmio financia esta publicação.
O movimento aldravista nasceu da disposição de poetas em promover a produção literária em Minas Gerais, especialmente em Mariana, e apresentar um canal eficaz e dinâmico de divulgação dessa produção. Não era bastante imprimir literatura, era preciso utilizar essa impressão literária para cultivar a paixão pela leitura, para que dessa paixão pudessem nascer novas expressões literárias. Assim, no nascedouro de Minas, entranhado de vontade, esses poetas olham para a interioridade mineira do interior de Minas, do seu ventre, no calor de sua aquecida disposição materna.
Do ano de 2000 até este final de 2009, o movimento aldravista de arte metonímica percorreu diversas sendas de expressão da liberdade – marca impingida na pele de Minas desde a conjura ou inconfidência sustentada pelos poetas árcades – como forma didática de atenuar os mecanismos de controle da produção intelectual implementado pelos poderes editoriais e universitários.
Mas, como ser independente sem ser exótico?
Respostas para questões complexas não são simples, especialmente quando se trata de questão de comportamento social. No contexto dessa complexidade, surge o aldravismo como projeto, para não ser alternativo, mas para ser definitivo; não para ser marginal, mas para ser miolo. Além da publicação de um jornal cultural, os poetas partiram para a produção e edição de livros e para a curadoria e produção de exposições de artes visuais. Em busca de nomes de visibilidade? Não. Em busca de talentos dispostos à manifestação livre e igualmente dispostos a respeitar as manifestações igualmente livres de interpretações dos leitores e espectadores. Assim como cada poeta aldravista busca construir seu estilo, suas características formais, cada leitor irá construir suas bases interpretativas.
Para que a proposta não caísse no vazio, sugeriu-se o rompimento com a megalomania da metáfora, ou da completude textual, a partir da compreensão de que a descontinuidade e a incompletude são características da linguagem. Se a linguagem se faz em fluxo descontínuo e incompleto, implícitos, subentendidos, insinuações são constitutivos da produção discursiva e, portanto, indicadores de que o processo figurativo se dá nessa tônica de coisas a serem continuadas em alguma direção não linear. Essas características fundamentam o processo metonímico, em que o produtor do texto, neste caso o poeta ou artista visual, elabora sua obra de forma que possibilite ao leitor e espectador se sentir convidado a dar prosseguimento à obra.
Assim nasce Ventre de Minas: uma proposta de poesia para ser debatida, degustada, desvendada, ao sabor da história de vida de cada leitor. São quatro livros em um. Cada livro um continente metonímico de uma possível particularidade de Minas. As aldravas de Gabriel Bicalho, as batidas nas aldravas de J. B. Donadon-Leal, os frutos da terra de Andreia Donadon Leal e a cidade Mãe de J. S. Ferreira são provocações para leitores disponíveis a descobertas. É por isso que esse livro será distribuído a educadores e a educandos, a pessoas que mesmo não frequentando a escola formal ainda se sentem descobridores de universos, descobridores de mundos, mineradores de minas gerais.
Dr. J. B. Donadon-Leal
Ensaísta, poeta, cronista e editor.
Doutor em Semiótica pela USP
Pós-Doutor em Análise do Discurso pela UFMG
Mariana, 16 de novembro de 2009
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VENTRE I:
Aldravas de Gabriel Bicalho
de minas
/
mineiro
e
minério
//
ferro
e
ouro
///
calar-se
:
todo
minas
sabe
as minas que oculta
nas dobras do tempo
e
os heróicos relatos
das histórias gerais
:
deixem-no
liberto
!
***
VENTRE II:
Bater Aldravas de J.B. Donadon-Leal
6
arte na madeira
entalhes ao formão
fazem o mais difundido
entre todos os impedimentos
a porta
um ferreiro rude
porém
crescido livre
forja ao fogo
e trava
no centro da porta
a aldrava
discreta
esperança
de liberdade
***
VENTRE III
Ventres de Andreia Donadon Leal
/
há uma criança em mim
não em diversas células
com a cabeça inclinada
sobre o peito e rosto
ganhando forma de gente
batendo coração
de embrião
(a) feto
//
não direi
que há uma criança
dentro do ventre
colada no umbigo
respirando e alimentando-se
do meu alimento
crescendo pernas
braços
chupando ponto do dedo
crescendo primeiro pêlo
movimentando-se
com o som de minha canção
cantada
no pé da cozinha
passando café
e
batendo broa
de manhãzinha
///
não há uma criança
que estufa
meu ventre pra frente
depois solta
pontapés
cambalhotas
e
dá alguns chutes
já de birra com a vida
depois
sobressaltada
soluça
tosse
e
chora
com os
ruídos de fora
///
há uma criança em mim
de cabelos grisalhos
pele enrugada
alimentando minha vida
de afeto
***
VENTRE IV:
gerais minas de J.S.Ferreira
16 de julho de 1696
Às margens do Ribeirão do Carmo,
ao ver tanta riqueza,
tendo nas mãos a bateia
abarrotada de ouro,
o bandeirante não se contém,
ajoelha-se ante à natureza
e aos céus agradece:
- Obrigado, Senhora do Carmo,
por conceder-me este momento
tão sublime,
com que me honras,
a mim, de gibão e botas!
E exclama, como se profetizando:
- Minas, eis o teu ventre!

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